Viagem Educacional 4 "Só 10% é mentira"


O longa-metragem “Só 10% é mentira” trata-se de uma produção que homenageia e conta a história do poeta sulmatogrossense Manuel de Barros.

O universo literário de Manuel de Barros é impregnado de profunda simplicidade, o que é diferente de simplismo, sua poesia é cheia de "insignificâncias profundas", não rendendo grandes cenas nem parecendo abarcar grandes histórias. Manuel busca sair do lugar comum. Para o poeta poesia não é para descrever, mas para descobrir.



O “manuelez” é a linguagem bastante peculiar do poeta, que cria termos que nos ajudam a ampliar o mundo. Manuel é o poeta em tempo integral, que diz não saber fazer mais nada além de compor em seu “cantinho de ser inútil”. Sua obra rompe com a correria do mundo moderno, retratando o mundo com suas lembranças da infância através da poesia, que ironiza dizendo ser inútil e obra de vagabundo, mas sem o sentido pejorativo do termo. O poeta faz uma analogia com o personagem Carlitos, o vagabundo tão simpático que também em meio ao ócio traz diversão e sonhos para quem o assiste, da mesma forma ocorre com o próprio Manuel que desponto como um dos poetas mais lidos do país.texto

Minha Reflexão


Este cine viagem me fez voltar no tempo e relembrar de meu ensino médio. Lembro que na época uma das matérias que as matérias que eu mais me identificava eram matemática, gramática e literatura. Assim como Castro Alves era conhecido como o poeta dos escravos, Gregório de Matos Guerra era conhecido como o Boca do Inferno, Manuel de Barros ficou marcado em minhas emoções como o poeta da simplicidade. Manual de Barros tem um estilo muito parecido com o de João Cabral de Melo Neto, mas seria um João Cabral com uma literatura extremamente bela pela simplicidade. Lembrei-me do famoso poema de João Cabral que torna algo tão simples como o cantar de um galo pela manhã, em algo tão artístico e profundo, como vemos nos seguintes versos:  


Essa simplicidade de Manuel de Barros, o “apanhador de desperdícios”, é que me traz a reflexão sobre ressignificar as coisas do nosso cotidiano, sobre ser um agende de transformação do meio, sobre a capacidade de se criar novos olhares sobre os processos de trabalho que se repetem mecanicamente dezenas e dezenas de vezes ao longo do dia. Manuel é capaz de superdimensionar as grandezas das coisas pequenas e ínfimas, nos sensibilizando sobre as pequenas coisas que passam despercebidas no nosso dia a dia. E ter esse olhar é algo mágico, que nos fazem evoluir como pessoas pertencentes a uma dinâmica social, o que nos dá um senso de pertencimento de co-responsabilização sobre as consequências dos atos que praticamos. 


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