Viagem Educacional 8 "Si può fare" (19/09/2017 - tarde)
O filme Si
Può Fare (Dá para fazer) trata-se de um filme italiano, baseado em fatos reais,
sobre a Reforma Psiquiátrica e o cooperativismo social que surgiu na Itália
para a ressocialização de doentes mentais. Nello, um sindicalista afastado do
sindicato por suas ideias avançadas, vê-se dirigindo uma cooperativa cujos
sócios são formados por doentes mentais. Acreditando na dignidade do trabalho, Nello
acaba adaptando cada uma dessas pessoas às suas respectivas capacidades, trazendo-nos um filme ao mesmo tempo com uma
abordagem divertida, emocionante e acima de tudo extremamente instrutiva.
Minha Reflexão
Este filme nos traz reflexões sobre medicalização, utilização
inteligente de recursos humanos e sobre a teoria do suicídio do psicólogo
social Émile Durkheim. Durante a minha graduação em psicologia, tive oportunidade de ler o "O suicídio" (1), obra clássica de Durkheim, pai da sociologia científica, em que ele analisa as relações
entre indivíduo e sociedade focalizando o suicídio como fato social.
Durkheim faz uma análise sociológica dos fatos sociais, demonstrando como a demografia, a tecnologia, o transporte e a comunicação podem mudar a consciência coletiva de uma sociedade. Nesse sentido, ele tenta provar que o suicídio está também condicionado a fatores sociais, como aconteceu com o personagem Sérgio no filme Si Può Fare. Para Durkheim, a "organização social, a natureza dos indivíduos que a compõem e os acontecimentos que perturbam a harmonia do funcionamento coletivo são fatores que influenciam gritantemente nas taxas de suicídio de uma sociedade" (2).
Como psicólogo clínico, compartilhei com os demais colegas do grupo diversidade algumas questões da luta antimanicomial, da reforma psiquiátrica e da economia solidária. Tive oportunidade ao longo da minha formação, de fazer alguns estágios nos quais pude perceber que ainda há atitudes discriminatórias por parte de alguns profissionais na forma como rotulam seus pacientes, o que é bastante triste, pois temos que levar em consideração que não há apenas o sofrimento psíquico daquele paciente, mas de toda a sua família que está incluída nesse processo. O que me impressiona nesse sentido é o fato de que apesar de não ser um profissional da área de saúde mental, o protagonista Nello possuia sensibilidade suficiente para conseguir ressignificar aquelas pessoas e aquele espaço, dando uma condução diferente para a dinâmica de vitimização daquele grupo perante a sociedade.
O filme nos permite justamente ver os pacientes com outro olhar, fugindo da rotulação da morbidade, e enxergando os pacientes como seres capazes de controlar suas próprias vidas, ou seja, ressocializados. Nello de forma natural, apesar dos altos e baixos, conseguiu conduzir um grupo de pacientes psiquiátricos no processo de reintegração naquela sociedade.
Durkheim faz uma análise sociológica dos fatos sociais, demonstrando como a demografia, a tecnologia, o transporte e a comunicação podem mudar a consciência coletiva de uma sociedade. Nesse sentido, ele tenta provar que o suicídio está também condicionado a fatores sociais, como aconteceu com o personagem Sérgio no filme Si Può Fare. Para Durkheim, a "organização social, a natureza dos indivíduos que a compõem e os acontecimentos que perturbam a harmonia do funcionamento coletivo são fatores que influenciam gritantemente nas taxas de suicídio de uma sociedade" (2).
Como psicólogo clínico, compartilhei com os demais colegas do grupo diversidade algumas questões da luta antimanicomial, da reforma psiquiátrica e da economia solidária. Tive oportunidade ao longo da minha formação, de fazer alguns estágios nos quais pude perceber que ainda há atitudes discriminatórias por parte de alguns profissionais na forma como rotulam seus pacientes, o que é bastante triste, pois temos que levar em consideração que não há apenas o sofrimento psíquico daquele paciente, mas de toda a sua família que está incluída nesse processo. O que me impressiona nesse sentido é o fato de que apesar de não ser um profissional da área de saúde mental, o protagonista Nello possuia sensibilidade suficiente para conseguir ressignificar aquelas pessoas e aquele espaço, dando uma condução diferente para a dinâmica de vitimização daquele grupo perante a sociedade.
O filme nos permite justamente ver os pacientes com outro olhar, fugindo da rotulação da morbidade, e enxergando os pacientes como seres capazes de controlar suas próprias vidas, ou seja, ressocializados. Nello de forma natural, apesar dos altos e baixos, conseguiu conduzir um grupo de pacientes psiquiátricos no processo de reintegração naquela sociedade.
Vale ressaltar que o conceito de solidariedade tem sido utilizado no marco normativo e nas
propostas políticas de reorientação da gestão do SUS. Segundo Teixeira &
Leal (3), as ações de planejamento em Vigilância sanitária demandam a
compreensão de formas de organização e gestão de relações solidárias entre os agentes
envolvidos no controle do risco sanitário, superando-se o caráter fortemente
normativo das ações expressas no predomínio das ações de fiscalização e sugerindo-se
o desenvolvimento de ações associativas envolvendo profissionais de Visa,
agentes econômicos e consumidores objetivando o compartilhamento de
responsabilidades no controle do risco sanitário de produtos, serviços e
ambientes sujeitos ao controle da Visa.
A
solidariedade deste modelo de cooperativa idealizada por Nello, serve para nós
como guia para o gerenciamento de riscos sanitários que possam confrontar as
nossas realidades. Agora vale destacar que nestes modelos de voluntariado em
cooperativas é fundamental a capacitação de seus gestores. Nesse sentido,
Salazar (4) discute a gestão do voluntariado nas Obras Sociais da Irmã Dulce, procurando compreender a importância da profissionalização da gestão,
com consequente enfraquecimento do trabalho voluntário, calcado na ação
humanitária, considerando a importância da manutenção dos vínculos entre
voluntários e demais atores institucionais. Há um outro estudo trazido por
França Filho (5) o qual discute o conceito de economia solidária, com enfoque
nas várias dimensões que assume nos contextos atuais: nas universidades, como
um campo de estudos; na sociedade civil pelos movimentos sociais e pelas
políticas.
Economia solidária nesse sentido é definida como o conjunto de
atividades econômicas organizadas sob a forma de autogestão, a qual compreende uma
variedade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de
cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de
cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação
de serviços, atividades estas voltadas para a valorização do ser humano e não
do capital, como percebemos nitidamente no filme. A economia solidária é uma alternativa inovadora na geração de
trabalho e na inclusão social, na forma de uma corrente do bem que integra quem
produz, quem vende, quem troca e quem compra. Seus princípios são autogestão,
democracia, solidariedade, cooperação, respeito à natureza, comércio justo e
consumo solidário.
A economia solidária preconiza o entendimento do trabalho
como um meio de emancipação humana dentro de um processo de democratização
econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das
relações de trabalho capitalistas. Para sua implementação, como articulado por Nello, cabe
resgatar valores que possam guiar sujeitos para agirem de forma solidária; bem
como as organizações de saúde.
Um
outro aspecto que o filme nos traz é o do fortalecimento da consciência
coletiva, da coesão social, ressaltadas, também, na obra "O Suicídio", de Durkheim. Diante do
exposto entendo que a formação de redes de solidariedade é uma estratégia
viável e condizente, podendo vir a ser uma nova tecnologia de gestão e de
intervenção para a Vigilância sanitária no contexto da Vigilância da Saúde e do
SUS.
Referências Bibliográficas
1. Durkheim, Émile, 1858-1917. O
suicídio: estudo de sociologia; tradução de Andréa Stahel M.
da Silva. – São Paulo : EDIPRO, 2014.
2. A ótica de Durkheim sobre o suicídio. Jornal
Sociológico, acessado em 22/09/2017.
3. Leal, C.O.B.S, TEIXEIRA, CF. Solidariedade: Uma perspectiva inovadora na
gestão e organização das ações de vigilância sanitária.. Cien Saude Colet
[periódico na internet] (2017/Jul). [Citado em 05/10/2017]. Está disponível em:
http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/solidariedade-uma-perspectiva-inovadora-na-gestao-e-organizacao-das-acoes-de-vigilancia-sanitaria/16317?id=16317
4. Salazar CRS. Gestão do voluntariado e dádiva: reflexões à luz do caso Obras Sociais Irmã Dulce – OSID [dissertação]. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2004
4. Salazar CRS. Gestão do voluntariado e dádiva: reflexões à luz do caso Obras Sociais Irmã Dulce – OSID [dissertação]. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2004
5. França
Filho GC. Teoria e prática em economia solidária: problemática, desafios e
vocação. Civitas 2007; 7(1):155-174.
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